A enclavar desde 2005

«São meus discípulos, se alguns tenho, os que estão contra mim, porque esses guardaram no fundo da alma a força que verdadeiramente me anima e que mais desejaria transmitir-lhes: a de se não conformarem.»
Professor Agostinho da Silva





27 março 2006

Sobre música, sou bom ouvinte...

...Como tal deixo para outros mais eruditos opiniões relevantes.

Assim, segue uma crónica de um amigalhaço, músico, ao qual reconheço mérito para atingir o patamar onde está, e espero possa vir a ser o nosso Sérgio Conceição da música (com menos cuspidelas...).

«DIARREIAS DE PENSAMENTOS

Começo esta crónica com uma enorme sensação de pesar.
Sou um jovem com quase três décadas de existência, sei que é muito pouco ao lado de certas pessoas com bastante mais tempo de existência que eu, no entanto, surpreendem-me algumas afirmações «postas na boca» de algumas pessoas.
No passado dia 23 de Março, um jornal regional de Coimbra (Diário As Beiras) publicou uma pequena reportagem («A Música Pimba Mora Num T1» da autoria de Patrícia Cruz Almeida) acerca duma opinião de um conceituadíssimo maestro da «cidade dos estudantes». Pois bem, a opinião de cada um vale o que vale (para mim NADA).


Este senhor Virgílio Caseiro compara a música tradicional portuguesa com a música «pimba», chega mesmo a ter a ousadia de afirmar que do Minho ao Algarve passando pelo Alentejo e Bairrada a música é toda igual. Pois bem acredito piamente que a música nestes locais seja toda igual, mas só se for dentro do seu carro quando vai em viagem por estes locais. Mas dentro do seu carro manda quem lá vai e gostos não se discutem, lamentam-se.
Será que a globalização está já a afectar pensamentos de algumas pessoas?
No decorrer desta reportagem chegamos mesmo a encontrar frases «chavão» dignas de qualquer programa de pseudo-comédia (tão em voga nas nossas estações televisivas).
Vejamos algumas afirmações do senhor maestro patentes no artigo: “Zeca Afonso, melodicamente, era tão pimba como o Emanuel” – se me permitem creio que posso pensar que o Toy dirige tão bem uma qualquer orquestra como alguns maestros da nossa praça.

“A música pimba teve a explosão que teve porque nós somos pimba” – caríssimo senhor, «nós» é muita gente e eu não me revejo nesse aglomerado de pessoas que se pressupõe através do pronome empregue nesta frase. Penso que esquece que a música tradicional é por si mesmo um reflexo cultural de gerações, das quais naturalmente todos nós sofremos influências e apesar da simplicidade, nem por isso o seu conteúdo é de menor profundidade.
“O que o Emanuel faz é tirar partido da pobreza musical da maioria da população” – possivelmente esta afirmação terá alguma lógica, no entanto penso que é com educação e não com redenção que alteramos o estado dos factos.

Enfim, aconselho a todos uma leitura ao texto em questão em
http://www.asbeiras.pt/?area=coimbra&numero=30637&ed=24032006

Tenho o direito à indignação, tenho o dever (porque sou PORTUGUÊS) de exigir respeito pela CULTURA TRADICIONAL PORTUGUESA, tenho a obrigação moral de exigir respeito por pessoas que tanto contribuíram para a educação do POVO numa altura em que o direito à «voz» era ainda uma miragem.
Em jeito de conclusão, gostaria apenas de dizer que por vezes tenho diarreias de pensamentos, no entanto os ainda poucos anos de vida ensinaram-me a pensar bastante antes de dizer seja o que for. Penso que isso se chama coerência.»


Se estiverem interessados pode contextualizar a crónica AQUI, numa revista da especialidade.

Falou bem o nosso músico! Não acham?

2 comentários:

Amigo da Sopa disse...

Este maestro é um grande cromo.

Consultem brevemente o amigodasopa.blogspot.com para verem a sua ultima partitura.

Anónimo disse...

Este cromo, queem o conhecer que o compre. O carro em que ele ouve a música pimba é muito limitado, só custa 90000€. Foi meu maestro no orfeão académico e foi corrido pelas suas ideias musicais demasiado "democráticas". Os mais atentos vejam como está a levar ao "charco" os Antigos Orfeonistas. É pena que em Coimbra tenham medo de falar deste mulherengo pimba, convencido que sabe música.