As desilusões não escolhem horas, ou dias. Trabalhar com pessoas é provavelmente a maior incerteza que se pode ter. Não sendo derrotista, por vezes sinto-me angustiado com opções (leia-se comportamentos) de alguma da "minha rapaziada". Um ou outro caso, quase me levaram ao tapete, mas nenhum como um caloiro que abdicou da bolsa, da residência universitária, do ensino superior, enfim, do projecto de vida. O que eu investi nele... Praticamente ameacei demitir-me das minhas funções. Confesso que foi um soco no estômago, daqueles que nos curvam só de pensar nisso. Mas... Numa semana apenas:
- um telefonema de uma jovem só para me dizer que estava a trabalhar e estável emocionalmente (o mais difícil para quem teve infâncias terríveis),
- um convite de dois irmãos para passar um fim-de-semana e comer uma caldeirada (feita por eles), a Sesimbra, onde moram,
- um "toque", para eu retribuir com uma chamada, a solicitar um conselho profissional, por terras Algarvias,
- e uma chamada que me arrepia ainda agora que escrevo estas linhas, o tal que abdicou da vida universitária, mostrando gratidão, querendo "pôr a conversa em dia", explicando que estava a trabalhar e a ganhar bem, perguntando quando nos veríamos de novo. Não escrevo mais porque as mãos tremem mas acreditem que retempera as forças e mostra que vale a pena lutar, investir, uma e outra vez, até à exaustão! Nota: sabe que mais Drª Maria de Lurdes Rodrigues, ponha lá o estatuto de professor titular onde melhor lhe aprouver, pois esta semana sinto-me no topo da carreira! Saiba ainda que esta avaliação passa-lhe ao lado, pois não tem sensibilidade para a reconhecer.
6 comentários:
Saberá a Srª por acaso, que esta escola existe, que estes professores existem, mais do que professores, FAMÍLIA destes alunos que ela provavelmente nunca irá conhecer...
mas neste país de "iluminados" na classe política, vale a pena cantar o refrão do Sérgio Godinho...
"Cá se vai andando, com a cabeça entre as orelhas".
Como sabes o sucesso na área do social é uma meta muito dificil de conseguir. Ainda assim, tenho a certeza que muitos desses rapazes que vou conhecendo vão conseguir vencer na vida, devido ao bom trabalho realizado pela Instituição em causa. Parabéns pelo trabalho e tenho muita honra em assistir e participar em algumas "lições de moral" e partilha de experiências de vida com eles, às Quartas-Feiras depois da bola!
Um provérbio africano diz: "para educar uma criança é necessária uma aldeia inteira."
Toda a ajuda é pouca, e muito apreciada.
Abraço.
A satisfação que sentes e que abusivamente também sinto, só pode ser compreendida por alguns. Aqueles que entendem e percebem o quão importante é pertencer a uma "Família" e que todos merecem o nosso empenho e dedicação. Acho que seria um bom tema para um artigo.....
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Na minha modesta opinião, acho que todos os profissionais, devem ser avaliados pois em todas as profissões há bons e maus profissionais.
No teu caso, apesar de conhecer apenas alguns dos teus "alunos, afilhados, sobrinhos, amigos, filhos...., pois tu és tudo isso para eles! A tua nota de avaliação de 0 a 20 deveria começar pelo menos no 25. Por isso as avaliações valem o que valem e eu sou testemunha de que a tua nota não estará concerteza na escala que o governo quer, mas numa escala muito diferente.
Quantos professores vão para manisfestações e recebem ao domingo de manhã chamadas de alunos a pedir concelhos, ajuda por terem sido assaltados, e pelos mais diversos assuntos, muito poucos.
O teu trabalho deverá ser motivo de analise por grande parte dos professores e não só, pois não devemos olhar só para o nosso umbigo.
Se eu faço alguma coisa para a sociedade, comparado contigo é muito pouco, mas vendo os bons exemplos poderemos sempre melhorar
O Rochembak de Domingo
Caro "Roca" tens andado desaparecido, mas sei que por motivos altamente louváveis (envia-me material de divulgação, para publicitar aqui na "tasca").
Quanto à avaliação, concordo plenamente contigo, desde que esta promova o mérito e permita melhorar procedimentos. Já quando apenas visa punir e tem um carácter meramente economicista, torna-se tão execrável quanto burocrata e demagógica.
Claro que a divisão da carreira docente em "professores" e "professores titulares", de uma forma perfeitamente arbitrária, condicionar os professores para que promvam o facilitismo com o intuito de melhorar as estatísticas, falseando os resultados e muuuuitas outras coisas, levam a que dezenas de milhar de bons e alguns maus profissionais se manifestem ordeiramente em dias de descanso, logo sem prejuízo dos alunos.
No meu caso concreto, apenas aproveito o facto de poder lidar directamente com pessoas especiais.
Não sou nenhuma Madre Teresa de Calcutá e só consigo desenvolver o meu trabalho, graças às redes sociais, da qual fazes parte, e ao apoio e tolerância que vão tendo.
Um dia a "minha rapaziada" agradecer-vos-á por tudo o que fazem por eles e pelo que permitem que eles façam.
Abraço e aparece.
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