A enclavar desde 2005

«São meus discípulos, se alguns tenho, os que estão contra mim, porque esses guardaram no fundo da alma a força que verdadeiramente me anima e que mais desejaria transmitir-lhes: a de se não conformarem.»
Professor Agostinho da Silva





19 setembro 2009

Penso eu de que...



«Não posso deixar de pensar que se esta gente tivesse sido tão competente a governar como é a fazer campanhas eleitorais, teria agora a maioria absoluta garantida em vez de estar a disputar a vitória com Manuela Ferreira Leite».
in Blasfémias

2 comentários:

Ana Paula Amaro disse...

No Reino de Portugal e dos Allgarves

Era uma vez um reino muito distante, em forma de pequeno rectângulo, engolido por todos os lados, menos por um, por outro rectângulo maior e bem mais vistoso. No final da geometria, era um rectângulo sem importância de monta.
Como rei todo-poderoso, era monarca deste reino Sua Majestade El-Rei Pinócrates I. Era um rei algo bizarro que havia conquistado o trono quando todos os seus súbditos se encontram distraídos num torneio medieval de Pé-na-bola. Forjou discretamente um édito real e, com artes de Circe, auto-elegeu-se soberano. Pasmem os céus e a Terra!
O rei tinha qualidades mil: desenhava palácios inusitados a até falava a língua de Shakespeare, na versão técnica, curso intensivo tirado num fim-de-semana, entre uma inspecção aos poços do reino e uma caçada aos gambozinos. Havia apenas um senão: ninguém no reino da rainha Nunca-mais-morres entendia um só vocábulo de tão original linguarejar… Ofendido com tamanha iliteracia da ralé, vociferava que se consultassem os doutos pergaminhos. E enquanto isso o seu nariz crescia.
O monarca travava guerras sangrentas com éditos mil contra a burocracia vigente e decretou, sem mais delongas, uma carta magna, pomposamente apelidada de Simplex. Havia apenas um problema: insignificante, é claro. Quem pretendia jogar por esta cartilha, deparava-se com manuscritos tais que todos decidiram mudar-lhe o nome para Complex. E o nariz ia crescendo.
Era um suzerano ambicioso que tinha em mente incentivar as artes e ofícios do seu território. Na Rua dos Onzeneiros, orgulhava-se de desfilar com o seu séquito real. As aias e as meretrizes bem diziam que o rei ia nu, mas os espelhos do reino haviam sido todos estilhaçados. Ordem de Sua Alteza Real, Pinócrates I. Lembrava-se bem da história da Branca de Neve e da sua tenebrosa madrasta. Não, nem pensar! Este rei não queria cá desses feitiços. Pozinhos mágicos, só os seus, que mandava ali era ele, pois então! A ralé bem mendigava uma esmolita, clamando, de quando em vez, numa voz ténue e medrosa, por justiça. Injuriavam os Mouros, os Castelhanos e os Ianques; culpavam o Tesoureriro-mor, mas lá continuavam, obedientemente a laborar nos terrenos do reino. O rei, do alto da sua tribuna, vociferava: era um incompreendido! Se gastava o erário régio a ajudar os pobres dos Onzeneiros, como poderia ele acudir aos necessitados? Ele tinha uma corte para sustentar. Uma «fora-de-praia» aqui, outra «fora-de-praia» acoli, numa ilha de qualquer rei sapiente, qualquer rei, que se preze, tem que ter! E lá ia mandando os escribas registar exactamente o contrário. E o nariz sempre a crescer.


se quiserem saber o fim vão a http://anamabrouk.blogspot.pt

Ana Paula Mabrouk
08-03-2009

JPG disse...

Boa sátira.

Pena vivermos num país real, que mais parece um faz-de-conta.