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«São meus discípulos, se alguns tenho, os que estão contra mim, porque esses guardaram no fundo da alma a força que verdadeiramente me anima e que mais desejaria transmitir-lhes: a de se não conformarem.»
Professor Agostinho da Silva





23 novembro 2009

Pornografia à solta nas escolas

A expressão é de um pai, preocupado, após saber que, nos intervalos das aulas, os computadores do e-escola são usados para visitar sites de conteúdos para adultos.
Ainda há quem pense que os PCs (em grande parte patrocinados pelo congelamento da carreira, novas regras na avaliação, que não melhoram a qualidade do ensino, e pela divisão artificial da carreira docente) apenas serviam para jogar e para mandar uns mails porreiros à malta.
Sim, porque portáteis novos a trinta contos, é de aproveitar (ainda que sejam os pais e avós a inscreverem-se nas Novas Oportunidades, para os filhos usarem), ou os filhos através das e-escolas, para os pais mandarem mails com "gaijedo".

A primeira pergunta que grande parte dos candidatos faz ao inscrever-se nas Novas Oportunidades, é: "isto dá direito ao computador?"

Enfim, muitos não conseguem escrever uma missiva sem erros ortográficos e gramaticais, não conseguem criar uma tabela num processador de texto, mas têm um portátil baratinho e mandam uns e-mails "altamente".

Como se diz na minha terra: "bom proveito, à barriga e ao peito".

5 comentários:

o que me vier à real gana disse...

Bem apanhada, meu velho! Só possível de apanhar pq existe. Ah pois, existe, sim, o k ficou subjacente ao postado. Tanto no que às funções webísticas referidas diz respeito, quanto à origem do carcanhol k permitiu td isto.
Ao menos, tenham todos bom proveito na barriga e no peito, como se diz aí, por terras por D. Inês pisadas.
Abraço

Anónimo disse...

È triste este teu coments, pois como vós profs, há muito boa gente que nas novas oportunidades, encontraram forma de satisfazer velhos sonhos, e,alguns até se acabam por admirar de si próprios, tal é a entrega e a falta de erros com que escrevem, mas volta que não vai estás ao empurrão a eles, ainda não se percebeu porquê, mas com o tempo iremos lá, sabes, nem todos os pais e mães, tiveram traquejo para sobriver, sim sobreviver, durante anos e anos, como alguns que conhecemos bem,e tú tambem, para criar filhos e fazê-los profs!VÊ se consegues uma vez por outra desceres às origens pois não te fará mal algum, porque a humildade, é uma honra.

JPG disse...

Ao que parece conhecemos ambos muitos casos em que as prioridades eram outras (café, bola, namoro, moina...) e o estudo passava para segundo plano. Ou seja, nem sempre a culpa seria da precariedade dos progenitores.

Mas esses casos, que não tiveram oportunidade para estudar, devido às condições económicas, têm todo o mérito, caso realmente agora se esforcem por melhorar os seus conhecimentos.

Pena que não o tivessem feito durante os anos em que tiveram à sua disposição bibliotecas, programas culturais (canal 2, por exemplo), entre tantas outras formas de se enriquecerem academicamente, como frequentar as escolas no ensino recorrente.

Parece que se esquecem que as escolas à noite sempre funcionaram e o ensino recorrente é uma realidade com mais de uma década.

Acontece, que na esmagadora maioria dos casos, à imagem de quem propôs esta modalidade, é mais facilex ficar com o 9º ou com o 12º, bastando em alguns casos pedir à esposa, ao primo, ao filho, ao amigo, para lhe ajudar a fazer uns trabalhos para um tal de dossier, ou (como aquele se tornou muito vulgar), um PRA.

Nunca ataquei ninguém que se tenha esforçado realmente pelo que quer que seja, mas não posso bater palmas a um projecto que alicia as pessoas com portáteis baratos (era disso que o post falava), facilitando a obtenção de graus de ensino e tornando quase inglório o esforço de quem pelas vias tradicionais (frequentando as aulas e fazendo testes de avaliação de conhecimentos), se vai sentindo cada vez mais lorpa por não ter o tal número mágico - 23 anos, para que possa tirar o 12º.

Cada caso é um caso e reconhecendo que é uma mais-valia para alguns, tenho pena que outros - a maioria, se sirva destes CNO para ultrapassar colegas em concursos públicos, como surge em muitas escolas, repartições e afins.

Quanto às minhas origens, talvez por ser Sportinguista, passam em grande parte por ESFORÇO, DEDICAÇÃO, DEVOÇÃO E GLÓRIA!

Saudações!

Álvaro disse...

Concordo com o JPG principalmente neste ponto: "Acontece, que na esmagadora maioria dos casos, à imagem de quem propôs esta modalidade, é mais facilex ficar com o 9º ou com o 12º, bastando em alguns casos pedir à esposa, ao primo, ao filho, ao amigo, para lhe ajudar a fazer uns trabalhos para um tal de dossier, ou (como aquele se tornou muito vulgar), um PRA.".

Sem trabalho, o 9º ou 12º que profissionalmente de nada podem servir, se forem feitos por outros então não servem mesmo para nada (a não ser para mostrar ao vizinho). Ou as pessoas o fazem por gosto e por quererem saber mais ou então é apenas um diploma sem sabedoria nenhuma e arrisco até a dizer que é um insulto a quem estudou 12 anos (sem chumbos) para entrar na universidade.

Fora isso sou a favor das novas oportunidades mas se bem aplicadas! E por falar nisso, escrevo num desses computadores que me ficou bem mais em conta e bem melhor do que cá tinha mas não houve facilitismos porque o velho cá da casa teve de trabalhar para tirar o 9º ano. Eu dava uma ajuda, claro, mas o trabalho é dele.

PS.: Não sei se já referi isto por aqui mas eu próprio ficava parvo com erros gramaticais que ele tinha nos textos já corrigidos...

JPG disse...

Pois é rapazão, eu não sou minimamente contra quem aproveita o sistema.

Só não me peçam para concordar com um processo que permite tanta vigarice e facilitismo (não estou a dizer que todos os pratiquem).

Quanto aos erros gramaticais, isso é o que menos impotrta, pois uma vantagem este processo tem: juntar gerações e elementos da mesma família, em torno de um objectivo comum.

Claro que tu e o teu senior não precisavam nem precisarão de CNO para estarem próximos.

Um abraço aos dois.