Ribeira
de Frades prepara-se para viver a mais histórica e tradicional das
festas desta freguesia. São os festejos em honra de Nossa Senhora da
Nazaré, que decorrem em dois fins de semana seguidos e que ficam
marcados pela recriação de uma tradição religiosa com mais de 600 anos –
a “viagem” do Círio entre Santa Cruz e Ribeira de Frades. São
vários dias de festa que vão ficar novamente marcados sobretudo pela
tradição. Com origens muito remotas e memórias que se perdem no tempo,
continuam a pautar-se principalmente pela tradição religiosa, associada
tanto a Nossa Senhora da Nazaré como à célebre “viagem” do Círio. De
facto, dois grandes eventos de cariz religioso marcam todas as
festividades – a procissão da imagem de Nossa Senhora da Nazaré,
padroeira das festas, da Capela para a Igreja Matriz e a procissão de
regresso à Capela; e a visita do Círio. “Viagem” recria tradição dos frades Como
manda a tradição, todos os anos a bandeira com a imagem da Santa
Padroeira faz o percurso entre a Igreja de Santa Cruz e a Igreja Matriz,
acompanhada por dezenas de populares, que veneram a Santa com bastante
devoção. Esta tradição remonta ao “tempo em que
os frades que viviam em Coimbra vinham a estas zonas cobrar as dizimas,
vinham levantar o arroz, as batatas… e traziam um círio”. É
este ato de “ir buscar o círio” que se assume como o ponto alto dos
festejos. Segundo António Ventura, no dia 15, o círio “vem desde Santa
Cruz até Taveiro, sempre pela estrada antiga, em direção a Bencanta,
Parreiras, Pé de Cão, Fala, Corujeira, Casais, Taveiro e vai para a
Igreja Matriz de Ribeira de Frades”. No final do dia, depois da missa
solene e da procissão, regressa pelo mesmo caminho em direção à Igreja
de Santa Cruz.Ao longo deste
percurso, tanto na ida como no regresso, o círio é acompanhado por
muitos devotos que, numa manifestação de fé, fazem desta uma procissão
no mínimo singular. António Ventura lembra que é tradição ver-se pessoas
a acompanhar o percurso em bicicleta, de carro, de moto, de trator, de
carroças puxadas por animais ou a cavalo. “Há ali uma mistura de meios
de transporte que acompanham o círio”, realça.Pelo caminho há muitas pessoas que, das janelas de suas casas, vão largando pétalas de flores ao círio, numa homenagem à Santa. Freguesia com história A
freguesia de Ribeira de Frades tem na sua constituição uma forte
vertente religiosa, já que, por doação de D. Afonso Henriques, o
Mosteiro dos Cónegos Regrantes de Santa Cruz recebe as terras que hoje
constituem esta freguesia.Ribeira
de Frades era uma terra exclusivamente agrícola, que atraía os monges,
pela abundância dos seus frutos, suporte da sustentação do Mosteiro. Os
cereais e legumes fartavam monges e locais, à custa de técnicas de
tradição romana utilizadoras do arado e da charrua.Os clérigos, além de exercerem uma ação colonizadora, promotora de repovoamento, eram foco de formação cultural e religiosa. Esta
congregação religiosa também deixou a sua influência na freguesia na
construção de património, traduzido em residências e casas de trabalho.
Deste legado, era ainda visível há pouco tempo o designado “Celeiro de
Frades”, onde se podiam admirar grandes talhas de azeite, agora em
propriedade particular.Foi no
reinado de D. José e D. Maria que apareceram em Ribeira de frades várias
famílias nobres, que assumem grandes parte do território. É assim que
as Casas Réris, Maris e o Visconde e Marques de Taveiro, além da
Marquesa de Tentúgal passam a estender os seus senhorios a esta região.No
reinado de D. Maria II, devido ao constante assoreamento do rio
Mondego, registam-se grandes modificações no seu leito, passando a
margem direita a oferecer mais e ricas terras, o que permitiu o
melhoramento da agricultura local. A vizinhança do rio e as melhores
condições naturais, tornaram Ribeira de Frades um prospero porto
fluvial, onde acorriam em grande número as barcas serranas, embarcações
de fundo chato, típicas do rio Mondego.Era
através do rio Mondego que se escoavam produtos locais, essencialmente
agrícolas e entravam outros fundamentais à vida local, como o sal, vindo
da Figueira da Foz, a madeira para a construção e, mais recentemente, a
lenha, para os fornos das cerâmicas oriunda de Penacova. Atualmente
Ribeira de Frades continua a ser essencialmente uma freguesia rural,
onde a agricultura ainda mantém um grande peso na economia local.
(in o Despertar)
6 comentários:
O texto é interessante mas o programa da festa não é o deste ano.
É o que dá fazer "copy" + "paste".
Aonde é esse tal celeiro de frades?
Não tenho a certeza, mas podemos investigar...
Alguma estrutura perto dos campos do Mondego que por ser frágil tenha desaparecido há muito tempo ou algo próximo da igreja (onde funciona a Junta e o Centro de Dia???)
Mais próximo da Fonte dos Castanheiros, acho eu...segundo informações do antigo regedor, segundo parece na Quinta da Ribeira??
Era interessante sabermos isso.
Vou tentar perguntar a quem saiba.
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