A enclavar desde 2005

«São meus discípulos, se alguns tenho, os que estão contra mim, porque esses guardaram no fundo da alma a força que verdadeiramente me anima e que mais desejaria transmitir-lhes: a de se não conformarem.»
Professor Agostinho da Silva





15 agosto 2013

Nossa Senhora da Nazaré em Ribeira de Frades


 


Ribeira de Frades prepara-se para viver a mais histórica e tradicional das festas desta freguesia. São os festejos em honra de Nossa Senhora da Nazaré, que decorrem em dois fins de semana seguidos e que ficam marcados pela recriação de uma tradição religiosa com mais de 600 anos – a “viagem” do Círio entre Santa Cruz e Ribeira de Frades. São vários dias de festa que vão ficar novamente marcados sobretudo pela tradição. Com origens muito remotas e memórias que se perdem no tempo, continuam a pautar-se principalmente pela tradição religiosa, associada tanto a Nossa Senhora da Nazaré como à célebre “viagem” do Círio. De facto, dois grandes eventos de cariz religioso marcam todas as festividades – a procissão da imagem de Nossa Senhora da Nazaré, padroeira das festas, da Capela para a Igreja Matriz e a procissão de regresso à Capela; e a visita do Círio. “Viagem” recria tradição dos frades Como manda a tradição, todos os anos a bandeira com a imagem da Santa Padroeira faz o percurso entre a Igreja de Santa Cruz e a Igreja Matriz, acompanhada por dezenas de populares, que veneram a Santa com bastante devoção. Esta tradição remonta ao “tempo em que os frades que viviam em Coimbra vinham a estas zonas cobrar as dizimas, vinham levantar o arroz, as batatas… e traziam um círio”. É este ato de “ir buscar o círio” que se assume como o ponto alto dos festejos. Segundo António Ventura, no dia 15, o círio “vem desde Santa Cruz até Taveiro, sempre pela estrada antiga, em direção a Bencanta, Parreiras, Pé de Cão, Fala, Corujeira, Casais, Taveiro e vai para a Igreja Matriz de Ribeira de Frades”. No final do dia, depois da missa solene e da procissão, regressa pelo mesmo caminho em direção à Igreja de Santa Cruz.Ao longo deste percurso, tanto na ida como no regresso, o círio é acompanhado por muitos devotos que, numa manifestação de fé, fazem desta uma procissão no mínimo singular. António Ventura lembra que é tradição ver-se pessoas a acompanhar o percurso em bicicleta, de carro, de moto, de trator, de carroças puxadas por animais ou a cavalo. “Há ali uma mistura de meios de transporte que acompanham o círio”, realça.Pelo caminho há muitas pessoas que, das janelas de suas casas, vão largando pétalas de flores ao círio, numa homenagem à Santa. Freguesia com história A freguesia de Ribeira de Frades tem na sua constituição uma forte vertente religiosa, já que, por doação de D. Afonso Henriques, o Mosteiro dos Cónegos Regrantes de Santa Cruz recebe as terras que hoje constituem esta freguesia.Ribeira de Frades era uma terra exclusivamente agrícola, que atraía os monges, pela abundância dos seus frutos, suporte da sustentação do Mosteiro. Os cereais e legumes fartavam monges e locais, à custa de técnicas de tradição romana utilizadoras do arado e da charrua.Os clérigos, além de exercerem uma ação colonizadora, promotora de repovoamento, eram foco de formação cultural e religiosa. Esta congregação religiosa também deixou a sua influência na freguesia na construção de património, traduzido em residências e casas de trabalho. Deste legado, era ainda visível há pouco tempo o designado “Celeiro de Frades”, onde se podiam admirar grandes talhas de azeite, agora em propriedade particular.Foi no reinado de D. José e D. Maria que apareceram em Ribeira de frades várias famílias nobres, que assumem grandes parte do território. É assim que as Casas Réris, Maris e o Visconde e Marques de Taveiro, além da Marquesa de Tentúgal passam a estender os seus senhorios a esta região.No reinado de D. Maria II, devido ao constante assoreamento do rio Mondego, registam-se grandes modificações no seu leito, passando a margem direita a oferecer mais e ricas terras, o que permitiu o melhoramento da agricultura local. A vizinhança do rio e as melhores condições naturais, tornaram Ribeira de Frades um prospero porto fluvial, onde acorriam em grande número as barcas serranas, embarcações de fundo chato, típicas do rio Mondego.Era através do rio Mondego que se escoavam produtos locais, essencialmente agrícolas e entravam outros fundamentais à vida local, como o sal, vindo da Figueira da Foz, a madeira para a construção e, mais recentemente, a lenha, para os fornos das cerâmicas oriunda de Penacova. Atualmente Ribeira de Frades continua a ser essencialmente uma freguesia rural, onde a agricultura ainda mantém um grande peso na economia local.
(in o Despertar)

6 comentários:

Anónimo disse...

O texto é interessante mas o programa da festa não é o deste ano.

JPG disse...

É o que dá fazer "copy" + "paste".

Corradi disse...

Aonde é esse tal celeiro de frades?

JPG disse...

Não tenho a certeza, mas podemos investigar...

Alguma estrutura perto dos campos do Mondego que por ser frágil tenha desaparecido há muito tempo ou algo próximo da igreja (onde funciona a Junta e o Centro de Dia???)

Anónimo disse...

Mais próximo da Fonte dos Castanheiros, acho eu...segundo informações do antigo regedor, segundo parece na Quinta da Ribeira??

JPG disse...

Era interessante sabermos isso.

Vou tentar perguntar a quem saiba.