Em Agosto de 1983, o Governo do Bloco
Central PS-PSD, assinou um memorando de entendimento com o Fundo
Monetário Internacional. Os impostos subiram, os preços dispararam, a
moeda desvalorizou, o crédito acabou, o desemprego e os salários em
atraso tornaram-se numa chaga social e havia bolsas de fome por todo o
país. O primeiro-ministro era Mário Soares. Veja como o homem que hoje
quer rasgar o acordo com a troika defendia os sacrifícios pedidos aos
portugueses.
“Os problemas económicos em Portugal são fáceis de explicar e a única coisa a fazer é apertar o cinto”. DN, 27 de Maio de 1984
“Não se fazem omoletas sem ovos. Evidentemente teremos de partir alguns”. DN, 01 de Maio de 1984
“Quem vê, do estrangeiro, este esforço
e a coragem com que estamos a aplicar as medidas impopulares aprecia e
louva o esforço feito por este governo.” JN, 28 de Abril de 1984
“Quando nos reunimos com os
macroeconomistas, todos reconhecem com gradações subtis ou simples
nuances que a política que está a ser seguida é a necessária para
Portugal”. Idem
“Fomos obrigados a fazer, sem
contemplações, o diagnóstico dos nossos males colectivos e a indicar a
terapêutica possível” RTP, 1 de Junho de 1984. Idem, ibidem
“A terapêutica de choque não é
diferente, aliás, da que estão a aplicar outros países da Europa bem
mais ricos do que nós” RTP, 1 de Junho de 1984
“Portugal habituara-se a viver, demasiado tempo, acima dos seus meios e recursos”. Idem
“O importante é saber se invertemos ou não a corrida para o abismo em que nos instalámos irresponsavelmente”. Idem, ibidem
“[O desemprego e os salário em
atraso], isso é uma questão das empresas e não do Estado. Isso é uma
questão que faz parte do livre jogo das empresas e dos trabalhadores
(…). O Estado só deve garantir o subsídio de desemprego”. JN, 28 de Abril de 1984
“O que sucede é que uma
empresa quando entra em falência… deve pura e simplesmente falir. (…) Só
uma concepção estatal e colectivista da sociedade é que atribui ao
Estado essa responsabilidade. Idem
“Anunciámos medidas de rigor e dissemos em que consistia a política de austeridade, dura mas necessária,
para readquirirmos o controlo da situação financeira, reduzirmos os
défices e nos pormos ao abrigo de humilhantes dependências exteriores,
sem que o pais caminharia, necessariamente para a bancarrota e o
desastre”. RTP, 1 de Junho de 1984
“Pedi que com imaginação e capacidade
criadora o Ministério das Finanças criasse um novo tipo de receitas, daí
surgiram estes novos impostos”. 1ª Página, 6 de Dezembro de 1983
“Posso garantir que não irá faltar aos portugueses nem trabalho nem salários”. DN, 19 de Fevereiro de 1984
“A CGTP concentra-se em reivindicações políticas com menosprezo dos interesses dos trabalhadores que pretende representar” RTP, 1 de Junho de1984
“A imprensa portuguesa ainda não se
habituou suficientemente à democracia e é completamente irresponsável.
Ela dá uma imagem completamente falsa.” Der Spiegel, 21 de Abril de 1984
“Basta circular pelo País e
atentar nas inscrições nas paredes. Uma verdadeira agressão quotidiana
que é intolerável que não seja punida na lei. Sê-lo-á”. RTP, 31 de Maio de 1984
“A Associação 25 de Abril é qualquer coisa que não devia ser permitida a militares em serviço” La Republica, 28 de Abril de 1984
“As finanças públicas são como uma
manta que, puxada para a cabeça deixa os pés de fora e, puxada para os
pés deixa a cabeça descoberta”. Correio da Manhã, 29 de Outubro de 1984
“Não foi, de facto, com alegria no
coração que aceitei ser primeiro-ministro. Não é agradável para a imagem
de um politico sê-lo nas condições actuais” JN, 28 de Abril de 1984
“Temos pronta a Lei das Rendas, já depois de submetida a discussão pública, devidamente corrigida”. RTP, 1 de Junho de 1984
“Dentro de seis meses o país vai considerar-me um herói”. 6 de Junho de 1984
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