A prova dos professores

Alguma rapaziada ontem perguntou-me se eu fui fazer a prova.

Fica um esclarecimentozito (pois percebi um certo sarcasmo na forma como questionaram):
 

- Este é o meu VIGÉSIMO ano de trabalho como professor no Ministério da Educação.

- A minha Licenciatura tinha duração de 5 anos, tive um ano lectivo inteiro de estágio onde fui avaliado por uma professora na escola e dois professores catedráticos da Universidade (um de Biologia e outro de Geologia).

- Uns anos depois fiz um Mestrado na minha área disciplinar (Geociências) com a duração de 3 anos, igualmente numa Universidade Pública.

- Fiz dezenas de frequências (teóricas e práticas), exames, trabalhos, aulas assistidas, exposições, etc, etc, etc... e se não tivesse avaliação positiva em todos, jamais conseguiria os graus académicos e a aprovação no estágio.

- Pertenço aos quadros (efectivo) há cerca de 18 anos.

- A prova é apenas para quem é contratado (não efectivo) e tem menos de 5 anos de experiência.

Ainda assim, discordo completamente deste absurdo que desacredita as Instituições de Ensino Superior que formam os professores (afinal, pagam-se propinas, diplomas, fazem-se exames para quê?).

Se querem melhorar a qualidade e aferir as competências, que o façam à saída do ensino superior (em vez disso, reduzem o número de anos dos cursos e permitem equivalências "à Relvas").

Por outro lado, estranho que tentam impor algo novo (leia-se dar nas orelhas) na função pública, começam (e normalmente acabam) invariavelmente nos professores. Formação obrigatória, avaliações, provas de acesso...

Será que os funcionários das finanças, engenheiros das Câmaras, assistentes sociais da Segurança Social, enfermeiros, etc, etc, etc. também têm que prestar provas antes de aceder aos quadros, mesmo tendo anos de experiência e avaliação positiva nessas funções?

Os meus colegas com menos de 5 anos de experiência docente, para poderem concorrer todos os anos, têm obrigatoriamente uma Licenciatura e avaliação positiva nos anos de serviço prestados nas escolas.

Gostava que começassem por aferir as competências dos políticos que dirigem os destinos deste país, começando desde logo por um "Eng" que se licenciou a um Domingo ou um "Relvas" se parece que tinha jeito para o rancho folclórico.

Mas como com esses não se metem, lá vão enxovalhando uma classe profissional que por norma é íntegra e presta um bom serviço ao país, sendo diariamente avaliada por dezenas de alunos e pais.