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«São meus discípulos, se alguns tenho, os que estão contra mim, porque esses guardaram no fundo da alma a força que verdadeiramente me anima e que mais desejaria transmitir-lhes: a de se não conformarem.»
Professor Agostinho da Silva





04 fevereiro 2014

Praxes... há muitas! Mas Praxe Académica é na Universidade de Coimbra

Felizmente tenho a sorte de ter uma tese de doutoramento para terminar dentro de poucas semanas e não tive oportunidade de ver ou ouvir o programa Prós & Contras sobre praxes.


Ainda assim, fica uma imagem gira e 3 ou 4 apontamentos:

- O que se passou no Meco nada teve a ver com a praxe académica!!!
* os alunos falecidos eram do 2º, 3º ano e até de mestrado, e só os caloiros podem ser praxados
* alguma vez viram alguém de fato académico ser praxado???
* a praxe académica ocorre na Universidade (ou espaços adjacentes), nunca numa praia a dezenas de Kms
* a praxe académica acontece principalmente na época das matrículas e perto da latada, nunca nas férias de Natal

- O que se passou no Meco pode ter sido um ritual!!!
* A Univ. Lusófona tem ligações à maçonaria e como sabemos os maçons sempre foram dados a rituais
* Tratou-se de um evento combinado previamente, como já tinham acontecido outros semelhantes
* Ninguém terá sido coagido a nada, ou acreditam que indo de livre vontade passar um fim de semana com amigos, depois um deles consiga empurrar 6 ao mesmo tempo para o mar?

- Sobre praxe a sério...
* Gostei muito das aulas fantasma (onde um aluno mais velho se fez passar por professor e indicou no quadro bibliografia em alemão, holandês e russo, deixando-nos - aos caloiros, aflitos), dos traçadinhos no Pratas e no Pinto e de "ter" de contar os degraus das escadas monumentais e medi-los com um palito. Mas também me indicaram onde era a filantrópica e arranjaram frequências de anos anteriores.
* Gostei muito de ter praxado alguns caloiros, aos quais patrocinei a iniciação ao Pratas, "obriguei" a fazer algumas declarações de amor a senhoras mais velhas e emprestei apontamentos, além de indicar quais os professores preferidos das aulas práticas (sim, porque nas práticas podemos escolher os horários e os docentes).
* Fiz amizades com quem me praxou (dois deles fizeram rasganço no mesmo dia do meu) e com quem praxei. De resto, ainda hoje duram e todos os anos, por altura da queima das fitas, fazemos um jantar (de cada ano) e no final encontramo-nos para recordar esses bons velhos momentos.

- Para finalizar:
* Algumas associações de estudantes de Politécnicos, Escolas Superiores, Universidades privadas e outras instituições com "meia dúzia" de anos, insistem em copiar, mas não se contentando, abusam e exageram, esquecendo o código de comportamento civilizado e mais ainda o código da praxe académica.
* Os tempos mudaram e os Shots substituíram os traçadinhos, talvez por isso, os rituais praticados pelas seitas agora se chamem praxe (agrada aos pais e a comunicação social adora meter tudo no mesmo saco).
* Tenho uma versão PDF (o livrinho que comprei, dei-o ao meu sobrinho mais velho) do código da praxe académica que posso enviar por mail a quem interessar, onde poderão constatar que 90% do que por aí se diz e se faz, nada tem a ver com a praxe académica.
* Viva a Academia de Coimbra e viva a Praxe Académica!!!



15 comentários:

Buxexinhas disse...

Vou reencaminhar! ;) está tudo aí! Beijinho grande

JPG disse...

Sabes o que me preocupa?

O meu filho e outros meninos da idade deles, pensarem que a praxe é empurrarem estudantes universitários de fato académico vestido e de pés atados para o mar, quando ele tem ondas muito grandes.

A Universidade, o fato académico, a praxe e a academia nada têm a ver com o ritual fatal que aconteceu no Meco.

Tentar colar isso à praxe académica é quase criminoso!!!

Ana disse...

não acho piada nenhuma à praxe mas cada um é livre de fazer o que quiser.
beijo

Super-febras disse...

Se não te importares o meu mail e febras@rogers.com

Muito obrigado
Álvaro José

JPG disse...

A caminho, Álvaro!

Lia disse...

A mim o que me faz confusão é a distinção que os meninos de Coimbra querem (exigem?) fazer em relação às praxes. Não desminto que Coimbra é a cidade-mãe da vida académica, mas esperavam o quê? Que fosse exclusivo vosso? Pois, a vida académica também se desloca, a tradição também se desloca, as praxes (essas malditas) também se deslocam... (In)Felizmente faz parte de quase todas as Universidades que conheço. Mas não é para isto que aqui estou.

Que exista um Código de Praxe que deva ser respeitado, eu concordo e até aplaudo... Vamos todos reger-nos pelas normas e tudo correrá bem... O problema é que isso não acontece! Acontecem "praxes" (* e já lá vamos) que correm mal em Lisboa, no Porto, em Coimbra, no cú de Judas... Acontecem "praxes" engraçadas, que correm bem em Lisboa, no Porto, em Coimbra e no cú de Judas. A questão é: porque é que com um código de praxe se foge a ele? Porque é que não corre sempre bem?
E aqui torno ao asterisco... O porquê das aspas... Porque insistem a chamar praxe ao conceito que vem no livrinho que deste ao teu sobrinho mais velho, quando a praxe é uma acção. E como acção que é, cada um é "livre" de a praticar como bem entenda... Só tem é que saber arcar com as consequências desse "querer" (coisa que o tal "dux" não está a fazer", porque sim... aquilo eram praxes - acção, não conceito).

[e só para terminar: eu já vi trajados a serem praxados]

JPG disse...

1 - Não tenho tanta experiência que me leve a saber se as praxes noutras cidades também correm bem, mas as notícias não costumam ser muito favoráveis.

2 - Nunca vi ninguém trajado ser praxado, mas admito que muuuuuito excepcionalmente possa acontecer, mas repito, muuuuito excepcionalmente (primeiro porque os caloiros normalmente não andam trajados e segundo porque quem não é caloiro, só pode ser praxado se tiver cometido algum erro grave segundo o código da praxe.

3 - Praxe pode ser "COSTUME, ROTINA, etc.", ou, no caso académico, "Sistema ou conjunto de formalidades ou normas de conduta".

"praxe", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa

4 - O tal código da praxe, existe e deve ser respeitado. Na Universidade de Coimbra é (embora com infelizes excepções). Noutros estabelecimentos de ensino superior do país, não faço ideia, mas quase de certeza que não existe, muito menos é conhecido. Daí o "salve-se quem puder" a que se vai assistindo.

5 - Mantenho que o que aconteceu no Meco, não pode ser considerado praxe, caso contrário, um pedreiro manda um tijolo aos pés de um servente novato e também diz que é praxe fazer isso.

Lia disse...

1 - Normalmente só interessa olhar e reter o que acontece de mau nas outras. Concordo.

2 - Chama-se hierarquia de praxes, e tal como um "doutor" (já disse que adoro este nome para malta que nem licenciado é ainda?) praxa um caloiro, os "doutores" podem ser praxados por superiores - chamam-lhe número de matriculas; não vou sequer argumentar o ridiculo que isto é.

3 - ACHO que deixei claro no meu comentário que uma coisa é haver um "Sistema ou conjunto de formalidades ou normas de conduta", outra coisa é ele ser seguido: acção vs conceito.

4 - "Noutros estabelecimentos de ensino superior do país (...) quase de certeza que não existe, muito menos é conhecido." - Mais uma vez a malta de Coimbra a achar que é única e especial.

5 - volto a insistir na diferença acção/conceito. Que me queiram tentar convencer que praxe DEVIA ser segundo um código, aceito. Que me queiram convencer que É assim, lamento, não vão conseguir, porque se assim fosse, os exemplos de coisas a correr mal não seriam noticia.

Super-febras disse...

Amigo Licensiado em Coimbra:

Estas lambisgóias falam só por dor de cotovelo.
A incapacidade intelectual ou a moina, no meu caso as duas, não lhes permitiu as notas para frequentar a mais eloquente universidade portuguesa (eu só fiz e arrasca o quinto ano) e com os canudos que os papás compraram nas outras universidades lá arranjam uns empregos quando bem apadrinhados, mas... psiquicamente ficam sempre perturbadas pois os seus diplomas contêm bem visível as nódoas que todos temos apreciado nos jornais e televisões, mais ainda e será a razão da sua necessidade aos anti-depressivos, essas folhas de papel que pelos vistos qualquer um pode comprar por muitos selos e carimbos que tenham nunca têm aquilo que é inquantitavel e jamais se pode comprar, PRESTÍGIO.

Se é verdade que por este mundo fora a maioria das pessoas só reconhece Portugal quando se fala o nome de Amália ou Eusébio e agora qualquer jovem conhece o CR7, mesmo que não saiba apontar a localidade do nosso país num mapa, também o é quando se fala de Coimbra. Tenho disso sido testemunha. Apesar de ser estrito o número de pessoas que a sabem indentificar, o que é espantoso é que os que o fazem todos mencionam a Universidade - " Oh, és de Coimbra, aquela que tem a Universidade lá no topo!
Que sensação! Que orgulho! Gosto de ser humilde, mas confesso e Deus me perdoe, não quando toca à minha cidade. É-me querida, é-me Mãe.

Bem, mudando de assunto para não chorar e para que me possa rir a troçar - Qual a universidade é aquela em que me devo matricular e quanto pensas que vou gastar para me licenciar? Gostava tanto de ser Doutor de Motores de Rega! Achas possível com a minha idade? Quantos anos tinha o Relvas?

À espera da tua resposta, sem mais, um braço meu pelos teus ombros.
Álvaro José

JPG disse...

Lia:
1 - Concordo

2 - Concordo

3 - Concordo

4 - Não é única, mas é especial! A Associação Académica de Coimbra não é apenas a maior associação de estudantes do país, é também a mais antiga e a que tem as tradições mais vincadas. As outras apenas copiam o que por aqui se faz há muuuuitas décadas. Isto não é apenas uma opinião, é um facto! Nota - refiro-me à academia (traje, queima das fitas, caloiros, são expressões que fazem mais sentido aqui, embora reconheça que noutras paragens se possa fazer), mas como diz o outro... não é a mesma coisa. De resto, seria interessante passar um questionário a actuais e antigos estudantes de várias Universidades do país e perceber se realmente não sentem a academia de forma mais intensa em Coimbra.

5 - Infelizmente as coisas escritas (código da estrada, por exemplo), nem sempre são levadas à risca. Mas pior do que não as cumprir, é não saber da sua existência ou nem estar regulamentado. Os abusos existem em todas as Universidades, mas numas mais do que noutras e acredito que não adoptarem um código que estabeleça o que a sensatez devia dar, em nada ajude.

Lia disse...

4 - É um facto, sim, ninguém me viu desmentir que Coimbra é Mãe da tradição e de tudo o que a ela seja inerente, mas também não se pode querer que a tradição e tudo o que se lhe liga se fique por uma cidade. Aceito que achem que é uma cópia (acho que é um bocado óbvio que para haver uma cópia, terá que existir primeiro um original) e que "em Coimbra é que é a sério, em Coimbra é que é bom", mas não me obriguem a olhar para Coimbra como a única cidade onde "tudo corre bem", porque isso não é verdade. (e é essencialmente neste ponto que entro "em confronto" com conimbricences e estudantes em Coimbra no geral, porque é assim como uma guerra de clubes... O vosso é que é bom, e o resto é m***). Quanto a sentir a academia mais intensamente em Coimbra, acho que é um ponto de discussão completamente desnecessário... Apenas e só porque é óbvio, por todos os motivos que já mencionei.

5 - Agora senti-me mal por cumprir o código da estrada :( serei eu um caso isolado? Quero acreditar que não. E como eu, Coimbra não é um caso isolado... E o que há de bom nas praxes e em todas as actividades académicas, não se fica, FELIZMENTE, em Coimbra... Também há grandes exemplos (de malta que, imagina-se, respeita o Código - existente - de Praxe) em Lisboa, no Porto, em Setubal, em Evora, e por ai fora.

[só para esclarecer que não tenho rigorosamente nada contra Coimbra... sou apaixonada pela Cidade e por TUDO o que a envolve... só tenho contra as "palas nos olhos"]

JPG disse...

4 - Por mim, Coimbra é a melhor, mas o "resto" também presta. O "enterro" e as queimas também são momentos altos em algumas cidades.

5 - OK, Coimbra é original. Naturalmente que lá também há exageros, mas... menos (apesar de haver muitos estudantes).

Pode ser?

Lia disse...

Podemos ficar com um "diferente não é melhor"?

JPG disse...

Se essa expressão for para aplicar às restantes academias (que não a maior, mais antiga e mais... emotiva), assino já :)

Lia disse...

Coimbra não é melhor, é só diferente de Lisboa ou Porto.
Guarda não é melhor, é só diferente de Setubal ou Evora.
Algarve não é melhor, é só diferente de Bragança ou Minho.

Etc...

E depois podes "misturar" cidades a teu gosto ;)