A enclavar desde 2005

«São meus discípulos, se alguns tenho, os que estão contra mim, porque esses guardaram no fundo da alma a força que verdadeiramente me anima e que mais desejaria transmitir-lhes: a de se não conformarem.»
Professor Agostinho da Silva





17 março 2015

Da vida II...

O tal menino - para mim, sempre assim, não pertencia ao grupo que acompanhava mais de perto.

Por ser mais novo, eram menos as vezes em que tínhamos conversas mais "fundas". 

Todos temos afinidades e no início, tinha mais facilidade em compreender e tentar chegar ao âmago de rapazes com mais de 14 anos. Mais tarde... também com raparigas (embora como os interesses não são os mesmos, a ligação não era tão fácil) e só mais recentemente, com meninos mais novos. Leia-se entre os 10 e os 14, pois antes disso, ter conversas "fundas", não me parece muito profícuo.

Ainda assim, veio cá a casa várias vezes, andou no meu carro mais de uma dúzia de ocasiões, participou nas minhas futeboladas, foi comigo ver a Briosa, etc...

De qualquer forma, por ser do grupo dos mais novos (nos primeiros tempos) e por ter saído aos 15 anos, não foi dos que mais me marcaram, ou que mais terei marcado.

Não digo isto por as coisa não terem corrido bem, apenas por ser um facto e acreditem, apesar da minha condição humana - logo, finita e limitada e imperfeita - penitencio-me por isso.

Voltemos à notícia...

Aconteceu em 2010 e soube dela por outros meninos que estupefactos me ligaram tristes e angustiados por um deles ter cometido tal acto bárbaro.

Os registos são inúmeros: 



E com desenvolvimentos...


Alguns dúbios, pois o autor material foi... O 4º indivíduo a monte, terá fugido para o estrangeiro e já cá anda de novo, além de outros pormenores que ouvi na 1ª pessoa e podiam fazer toda a diferença.

Ver Aqui.

Após vários contactos, lá consegui que alguém me desse o número de telemóvel do irmão mais velho. No início mal falava, mas a minha insistência levou-o a dar-me algumas informações.

Um dia, recebo uma chamada de um número que não tinha registado e era o menino (não tinha ainda 18 anos, por isso... ainda em idade pediátrica). Não preciso dizer que fiquei à toa, pois não esperava, de todo.

Guardei o número, mas apenas uma vez consegui que atendessem e não lhe passaram o telemóvel.

Estava ainda a aguardar a leitura da sentença, logo, em prisão preventiva e tinha acesso a telemóvel, ainda que de forma ilegal, através de amizades entre reclusos.

Uns meses mais tarde, nova chamada, de outro número de telemóvel - sempre a perguntar se eu a malta estávamos bem e a dizer que tinha saudades nossas.

Os meses passam, dividem-se em anos e a minha insistência (teimosia, pois), levou-me a conseguir falar com a educadora que o acompanha na actual prisão.

Foram mais de 6 meses a telefonar (não estava, estava em reunião, não sabiam quem era, não me podiam passar o telefone, etc.).

Os recados iam ficando, dava pormenores sobre mim e sobre a minha relação com o menino em causa, os meus propósitos... mas não havia abertura.

Até que, num dos telefonemas, já em desespero, coloquei as garras de fora e fui frontal (até aqui subserviente, polido e cortês). Lá resultou!

Perceberam que não podiam mais "encanar a perna à rã" e que os meus propósitos só podiam ser bons, afinal tanta insistência e falar de forma "quase agressiva", não teria muito a temer.

Aí as coisas mudaram, passei a ser contactado pelos serviços prisionais, foram-me dadas instruções de como devia proceder, até facilidades para enviar por e-mail documentos oficiais (sim, atestados da Junta de Freguesia, Registo criminal, declarações da minha operadora de telecomunicações, etc.).

Alguma trabalheira e despesas, mas concluí o processo. Podia finalmente ir visitar um dos meus meninos.

Talvez continue com a visita propriamente dita...

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